Quem não se ligou ainda, vale prestar atenção: uma verdadeira revolução pode estar em curso no país de Michelangelo desde que o governo italiano criou, em 19 de maio de 2020, em plena pandemia, o Super Bônus.
Conhecido como “Decreto Rilancio”, o Super Bônus pode ser resumido assim: o governo paga 100% das despesas se os proprietários de imóveis os tornarem energeticamente sustentáveis e ainda dá um bônus extra de 10% a mais do valor investido. As condições: os imóveis não podem ser de luxo, castelos ou palácios, e as intervenções subsidiadas são as de eficiência energética, antissísmicas, de sistema fotovoltaico (energia solar) ou infraestrutura para carregamento de veículos elétricos em edifícios.
O Super Bônus veio se somar a uma outra medida, mais antiga, adotada (não apenas pela Itália), que prevê subsídios de 50 a 85% para a reforma e recuperação do patrimônio edificado (e isso vale também para estrangeiros!).
Com essas duas medidas, a Itália busca matar três coelhos numa só cajadada: 1) recuperar suas edificações seculares, boa parte hoje em ruínas, e assim embelezar e valorizar suas cidades; 2) atrair novos moradores, sobretudo estrangeiros com recursos para comprar imóveis e disposição para reformá-los, num país cuja população de idosos supera a de jovens e em que a cada ano o número de mortes supera o de nascimentos, 3) incentivar a necessária transição energética dos combustíveis fósseis para energia renovável.
Há, entretanto, um quarto elemento de imensa importância a se considerar: o impacto econômico dessas medidas sobre a economia local, pois é gigante o efeito positivo que elas geram no setor da construção civil, um dos segmentos que mais movimenta mão de obra no mundo.
Basta lembrar o impacto que isso vai gerar no aumento de vagas de trabalho para profissionais liberais, como arquitetos, engenheiros, restauradores; para pintores, pedreiros, mestres de obras; na revitalização de toda a cadeia produtiva para suprir as necessidades técnicas das intervenções; no incremento da produção de materiais naturais que protejam o meio ambiente; na produção de novas tecnologias; na redução do consumo de energia e no aumento do uso de energia renovável. Nesse sentido, a meta da Comissão Europeia é ambiciosa: ela se propõe aumentar a meta para 2030 em matéria de energias renováveis dos atuais 40 % para 45%.
Ou seja, tratam-se de políticas que abrangem os três pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental!
É fato que o Super Bônus entrou em vigor recentemente e ainda não houve tempo para medir seus efeitos, mas não há dúvida da sua abrangência e caráter revolucionários. Vale lembrar, ainda, que o Renascimento surgiu naquele país. Um movimento cultural, econômico e político que se iniciou em Florença no século XIV e se estendeu até o século XVII, por toda a Europa. Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado pelas modificações econômicas, o Renascimento reformulou a vida medieval e deu início à Idade Moderna. A História pode estar, de certa forma, se repetindo, a partir da Itália, para o bem da humanidade. Ficou interessando neste conteúdo?
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por:
Alessandro Carvalho de Miranda
É um projeto fantástico.